In Fios da Meada - testemunhos para uma colecção imaterial A casa-memóriaA viagem até ao Solar dos Zagallos é um convite presente de retorno ao passado, a um lugar de recordações distantes e por vezes difusas. A memória preenche-se, como sempre faz, de grandes e pequenos momentos, de sonantes e discretos nomes. “Pessoalmente não tive uma relação com o Solar dos Zagallos. Nem era este o nome que lhe dávamos, mas sim «Casa da Sobreda» ou «Quinta da Sobreda». O meu pai não queria cá vir, não queria ressuscitar memórias.” Para além do sustento na agricultura, a família produzia vinho que era vendido maioritariamente para as tabernas da Trafaria. O filho Francisco foi o elemento mais novo da última geração de Zagallos a viver no Solar. Francisco de Paula cresceu na casa de Cacilhas junto da sua família. Quando conheceu Guilhermina Maria dos Santos Zagallo uniram-se de tal maneira que o mundo à sua volta se tornou suplementar, bem como todos os que os rodeavam. Desse amor desmedido nasceu um único filho, Tomaz. “A minha tia era uma mulher extraordinária e cuidadosa. Lembro-me de sair à noite para a Academia Almadense e para a Incrível – fui sócio de ambas até me casar – e no regresso ter à minha espera um copo de leite que ela me deixava junto ao candeeiro de azeite.” A Costa da Caparica foi destino de lazer desde a meninice de Tomaz.
Após o falecimento da avó a família dividiu-se. Alargou-se o espaço entre os elementos, afrouxaram-se as relações, as memórias sedimentaram sem conduto que as alimentasse. Neste retorno a um lugar-memória Tomaz reconhece o papel fundamental do ambiente na formação de uma pessoa, “o contexto molda-nos muito”, assume. Neste retorno Tomaz re-conhece o lugar inicial da sua História e religa pontas soltas. Fotografias e documentos cedidos pela
Câmara Municipal de Almada / Museu da Cidade / Espólio Família Zagallo e Melo Os comentários estão fechados.
|
Acompanha-nos aqui:
Histórico
Outubro 2018
Categorias |